quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

RIQUELME: O EX-JOGADOR E O REALISMO FANTÁSTICO

O realismo fantástico que impulsionou a literatura latino-americana - principalmente com Gabriel Garcia Marquéz - envolveu o Palmeiras e o ex-jogador Riquelme em seus absurdos.
Sim, porque Riquelme é um ex-jogador.
O comentarista PC Vasconcelos, do Sportv, cunhou a frase "ex-jogador em atividade", para falar de jogadores que apenas entravam em campo, mas não jogavam mais.
Riquelme não se enquadra na jocosa definição.
Ele é apenas um ex-jogador.
Um ex-grande jogador.
Há um ano ele não disputa uma partida.
Tem quase 40 anos e, no auge de sua carreira jamais teve bom preparo físico.
Nem emocional, dizem.
No seu auge, arrastava-se em campo como se dar um passo adiante fosse uma dor insuportável.
O futebol, um sofrimento portenho.
Mas estamos na América do Sul.
E, de repente, por um desses absurdos que fazem dela um pobre e fantástico continente, ele volta às manchetes pretendido pelo Palmeiras.
O presidente do Verdão, ridicularizado ao fim de uma gestão estapafúrdia que levou o time à segunda divisão, desembarcou ele próprio em Buenos Aires para negociar a volta de Riquelme aos gramados que o abandonaram.
Sim, pois não foi Riquelme que deixou o futebol.
Foi o futebol que o abandonou, cansou-se dele, do seu estrelismo, da sua empáfia.
E lá está, na bela Buenos Aires, o presidente do time decaído.
E para que o absurdo seja completo, noticia-se que o Fluminense, o campeão brasileiro, também se interessa em contratá-lo.
Uma pausa para outra estória:
Rivaldo, com mais de 40 anos, resiste em abandonar o futebol que foi se despedindo dele vagarosamente.
De melhor jogador do mundo e da seleção brasileira, campeoníssimo, Rivaldo foi descendo degraus que o levaram à Grécia, ao Azerbaijão, a Angola e agora, por fim, ao São Caetano.
E todos - imprensa, torcedores e clubes - olham penalizados para Rivaldo, agarrando-se às beiras do futebol, como se olha um farrapo tocado pelo vento.
E Rivaldo foi muito maior do que Riquelme.
Pois por absurdo, graça e desalento, o farrapo Rivaldo é, hoje, não duvidem,  mais jogador do que Riquelme.
E Rivaldo ama o futebol que o abandona dia a dia.
Rivaldo tenta seduzi-lo, agarra-se a ele, oferece pequenas contribuições de amante desesperado.
Riquelme, não.
Riquelme não se importa com o futebol.
Ao contrário de Rivaldo, ficou longe da bola por um ano inteiro sem dar a mínima pra ela.
Quer apenas ser lembrado e cuidado como estrela caprichosa.
E o realismo fantástico do futebol, através de Palmeiras e Fluminense, cuidam para que o absurdo perdure.
E ele prospera na imprensa e entre torcedores.






Nenhum comentário:

Postar um comentário