quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O BARCELONA ESTÁ MUDANDO

A primeira coisa que qualquer um nota quando entra no estádio é o verde da grama do Santiago Bernabéu, a casa histórica do Real de Madrid.
Um verde comestível.
Não há espaços maltratados na pequena área, no lugar maldito do goleiro onde se costuma dizer que nem grama cresce.
No Bernabéu, cresce.
Igualzinha à grama que cresce no resto do campo.
O Serra Dourada já teve uma grama bonita, não tanto quanto a do Bernabéu, mas muito bonita.
Os demais estádio brasileiros vão decrescendo até o pasto.
Espero que os novos estádios da Copa do Mundo mudem em beleza a vergonha dos gramados brasileiros.
O jogo foi muito bom.
Intenso durante todo o tempo.
Intensidade é uma qualidade da disputa incansável, sem esmorecimento, com sentido de crescimento perene.
É o que torna o jogo interessante.
Quando perde intensidade o jogo fica chato.
Em inúmeros momentos do jogo, os dois times ocuparam uma faixa de 20 metros de campo com 20 jogadores.
Tal foi a compactação.
E dentro desse limite mínimo, uma troca de passes estonteante.
Assim jogaram Real e Barça.
O Barça teve mais chances claras de gol.
Os gols perdidos por Xavi e Jordi no primeiro tempo e por Pedro e Jordi no segundo foram inacreditáveis.
O Barça joga sem um atacante pela esquerda, enquanto a direita é muito povoada e incisiva com Dani e Pedro e Messi. 
Messi joga da direita para a esquerda.
Quem supre a falta de um atacante pela esquerda é a subida de Jordi Alba, os deslocamentos de Iniesta.
O Real jogou com CR7 atacando pela esquerda e Callejon pela direita com Benzema no centro.
Imprensou o Barça nos primeiros minutos, mas foi dominado a partir dos dez.
Ao final o Barça teve 62% de posse de bola.
Normal.
Cristiano Ronaldo e Messi não jogaram bem.
Ou melhor, não jogaram tão bem quanto jogam.
E, surpreendentemente, não marcaram.
Ainda assim, Messi deu passe para o gol de Cesc aos 50 minutos.
Ozil é um jogador de grande classe.
Seu domínio de bola é impressionante.
Também a sua mobilidade, intensidade, leitura de jogo.
Kaká não terá nenhuma chance enquanto Ozil estiver no Madrid.
Outro que impressiona é Iniesta. 
Absurda a habilidade dele em driblar, fazer a volta num adversário, conduzir a bola quase que colada aos pés.
Sua habilidade, neste sentido, é superior à de Messi.
Outro que me impressionou foi o zagueiro Varane.
Tem 1,90 de altura, muitíssimo veloz, bom por cima e por baixo, grande sentido de antecipação.
Dificílimo de ser batido no mano a mano.
Salvou um gol certo de Xavi, outro de Cesc - quando saiu atrás, alcançou o outro e conseguiu tocar para linha de fundo - e marcou o gol de empate.
É um grande zagueiro surgindo.
Vale a pena ver o maior clássico do futebol mundial. 
Mas uma coisa é preciso dizer.
O Barcelona de Tito não é mais o Barcelona de Pep Guardiola.
Aquela exasperante troca de passes até a estocada final deu lugar a uma certa pressa.
Ainda são insuperáveis na troca de passes, mas não é a exasperante, a obsessiva.
Às vezes há chutões.
Poucos, é verdade, mas há.
E não há insistência de efetividade plena pela direita, pelo centro e pela esquerda.
A esquerda foi abandonada.
O Barça está mudando.

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