quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

GABRIEL NO FLAMENGO: UM CRAQUE DO PASSADO



O Flamengo anunciou a contratação de Elias e de Gabriel, revelação do Bahia.
Gabriel é um garoto peladeiro que começou no profissional sem o estágio na base, sem passar por escolinhas.
Ele apareceu para o futebol, como os jogadores apareciam há 30 ou 40 anos atrás.
Jogavam na chamada "varzea", que eram terrenos aplainados por enchentes, à beira de rios ou riachos.
Hoje, várzeas mesmos, devem existir poucas.
Até 1970, na Vila dos Marmiteiros - entre Vila Oeste e Avenida Amazonas - havia uma várzea com oitos campos de futebol.
Não há mais nenhum.
Só prédios e ruas asfaltadas.
Hoje, todos os atletas passam antes pelas escolinhas, equipes de base.
Gabriel, não passou por elas.
É uma exceção.
É é muito bom jogador.
Foi quem mais se destacou no time do Bahia em 2012.
Penso que as escolinhas e as equipes de base dos clubes, a par de todos os benefícios que propiciam ao jovem atleta, inibem nele algumas habilidades.
Principalmente a saudável irresponsabilidade de arriscar jogadas, dribles.
A habilidade e a picardia de jogo que os antigos jogadores brasileiros tinham, perdeu-se um pouco.
Aqueles inúmeros campinhos de futebol na periferia das grandes cidades e em todas cidades interioranas, desapareceram ante os investimentos imobiliários.
Eram campinhos sofríveis.
Pequenos.
Pouquíssimos tinham partes gramadas.
Maioria era terrão mesmo.
E esburacados.
O jogador precisava dominar e conduzir a bola, driblar e passar sobre a buraqueira, os escorridos de enxurrada.
Ali, no meio de buracos e pedregulhos acontecia o aprimoramento das habilidades.
Este aprimoramento se dava no sacrifício.
O menino tinha que ficar esperto, desenvolver técnicas e malícias para dar conta de jogar em terrenos tão irregulares.
As escolinhas de hoje têm grama sintética e os clubes têm bons campos de treinamento.
Passo pelo bairros de BH e raramente vejo um campinho de pelada.
Seguindo pela rua Padre Eustáquio em BH, havia os campos do Estrela Vermelha, do Riachuelo, do Padre Eustáquio, do Faixa Azul, do Ipanema, do Glória, do São Francisco, do São José, do Serrano.
Nenhum deles sobreviveu.
Os garotos que não estão no computador ou nas academias, estão no futebol de quadra e nas escolinhas
Tomara que Gabriel se dê bem no Flamengo.
Com ele vai entrar em campo um pouco do que foi o futebol até os anos 1970.


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