domingo, 23 de março de 2014

BARCELONA E CRUZEIRO

Neste domingo vi dois jogos pela televisão.
Barcelona e Real de Madri e, depois, Cruzeiro e Boa Esporte.
Essas oportunidades são interessantes, pode-se comparar alguma coisa olhando-se através do abismo que separa os dois jogos.
O time catalão é, ainda, o melhor do mundo.
Melhor subjetivamente, para minha apreciação.
Falei isso, dias atrás, aqui mesmo.
Continua dominando o campo, a posse de bola, cria as melhores oportunidades para marcar, tem os jogadores mais brilhantes no meio de campo e o fulgor de Messi.
Hoje Messi foi meio campista, além de atacante.
Armou o time.
O Barça está encontrando uma forma de jogar que não é mais com ele quieto entre as linhas adversárias esperando o momento de arrancar para o gol.
Messi está formando mais atrás, organizando, criando jogadas.
Hoje criou várias.
O Real ficou perdido quando ele ampliou sua faixa de jogo.
E fez isso como um armador de grande categoria, sem perder o impacto como atacante.
Não é mais um falso nove, como nos acostumamos a ouvir.
Não sei o que ele é.
Talvez uma meia armador/ponta de lança/centroavante.
Tomou conta do jogo do meio de campo para a frente.
No Barcelona, o que mais me encanta é a capacidade que time tem de tecer as jogadas.
Como rendeira sábia que vai traçando desenhos bonitos, precisos e complicados com os fios.
Neymar não foi brilhante, mas agudo, e cavou um pênalte que vai aumentar sua fama de cai-cai.
Sua presença torna o Barça mais perigoso e permite que Messi assuma também a função de lançador.
Quando Pedro o substituiu, o time azul-grená ficou menos imprevisível.
Cristiano Ronaldo foi apagado.
Mesmo assim sofreu um pênalte - o começo da falta ocorreu fora dá grande área - que ele mesmo marcou.
Mas foi um jogo de 90 minutos que, parece, durou só meia-hora.
Bom de se ver.
Ah, depois vi Cruzeiro e Boa Esporte.
Como é que um time campeão brasileiro pode jogar de forma tão medíocre?
Como pode errar tantos passes?
Fazer tanta ligação direta?
Ser tão ineficiente?
Fico imaginando como devem ser os treinamentos dos azuis... 
Um rachão?
Um coletivo contra os reservas?
Não houve, na parte do jogo que assisti, uma só jogada articulada.
Tudo saiu de improvisos.
Os jogadores são incapazes de um passe de primeira, de deslocamentos coordenados.
Ao final, bem no final do segundo tempo, o Cruzeiro marcou com Júlio Batista.
É alarmante ver dois times treinados, articulados como Barça e Real e ver um campeão brasileiro tão desarticulado.
Longe de mim esperar que o Cruzeiro seja um novo Barça, mas gostaria que, pelo menos, acertassem mais passes.
Isso pode ser treinado.
Sabe qual foi o percentual de acerto de passes do Xavi no jogo de hoje contra o Real?
Foi de 94%.

BARCELONA CONTRA REAL OU MESSI CONTRA CRISTIANO RONALDO?

Barcelona contra Real de Madri ou Messi contra Cristiano Ronaldo?
Os dois se misturam.
Nunca houve na história do futebol um duelo assim.
Muitíssimos anos atrás houve Pelé contra Garrincha, mas os dois times que deram moldura aos craques tinham e têm torcidas pequenas.
E não havia campeonatos brasileiros, só os estaduais e o curto torneio Rio-São Paulo.
Uma boa parte do mundo esportivo estará diante das televisões daqui algumas horas para testemunhar o encontro.
São dois jogadores no auge de suas carreiras.
Goleadores que conseguem se manter no topo e em progressão por mais de 5 anos seguidos.
Fato raríssimo.
Alguns conseguiram esta façanha, mas deixaram de progredir.
Os dois, não.
Cristiano Ronaldo tem média de mais de 1 gol por partida no Real.
Marcou 242 gols em 236 jogos.
Messi bate, dia após dia, os recordes dos grandes artilheiros do Barça.
Sem os dois, o jogo já seria chamativo.
E seria grande jogo.
Há muitos outros craques de lado a lado.
Neymar, o grande jogador brasileiro na atualidade é, antes da partida começar, apenas um discreto coadjuvante.
Ele poderia estar fazendo contra Gareth Bale o duelo das mais caras contratações do futebol mundial.
Não está.
Hoje, é menor que Iniesta ou Xavi.
Manor que Bale ou Modric.
Poderá sair maior.
Ou afundar de vez se não jogar bem e for substituído por Pedro ou Sanchez.
Mas poucos terão olhos para ele.
Messi e Cristiano Ronaldo cegarão a todos.
Os dois são capazes de decidir uma partida.
E fazem isto todas as semanas, entra ano, sai ano.
É a força irresistível contra a resistência inquebrantável.
Haja o que houver, ao final do jogo os dois sairão ainda maiores.

quinta-feira, 20 de março de 2014

CRUZEIRO PRATICAMENTE FORA DA LIBERTADORES

O Cruzeiro cedeu o empate ao Defensor do Uruguai no Mineirão.
Dois a dois.
O time jogou desorganizado, como tem sido a tônica dos azuis em 2014.
Desde o princípio do jogo entrou pilhado demais em campo.
Nervoso.
Errando passes, dando chutões.
Distribuindo pontapés.
No primeiro tempo fez 12 faltas contra 5 dos uruguaios.
Quando um time não sabe precisamente o que fazer em campo, fica nervoso.
O Defensor foi melhor taticamente.
Um time bem treinado que sabe o que fazer no jogo durante todo o tempo.
Um time que nunca se desorganiza durante a partida.
E que tem alguns ótimos jogadores.
O meio campista Arrascaeta, de 19 anos, foi o melhor em campo e dominou o setor. 
O Defensor trocou passes com eficiência e jogou agrupado.
Todas as vezes que foi à frente levou pânico à defesa cruzeirense.
Exato o contrário do Cruzeiro que raramente conseguia trocar passes com alguma eficácia.
Jogava espalhado em campo, fazendo ligações diretas da defesa ao ataque.
Fez 2 a 0 e logo em seguida, cedeu 2 a 1.
A enorme superioridade financeira do Cruzeiro (e dos times brasileiros) em relação ao pobres uruguaios não se efetivava em campo.
Vencendo por 2 a 1, o time foi orientado a ficar tocando bola na defesa.
Um jogo feio, improdutivo, medroso.
E perigoso.
Uma bola perdida e os uruguaios chegavam com perigo.
Isto se desenhou algumas vezes.
Nos descontos, foi fatal.
Com o empate, o Cruzeiro está em penúltimo lugar na chave.
Não depende mais de si para classificar-se à próxima fase.
Está praticamente fora da Libertadores.
É hora dos dirigentes do futebol brasileiro começarem a importar técnicos que saibam treinar seus times.
Organizá-los em campo.
Técnicos capazes de criar um modo de jogar que não dependa apenas de jogadas individuais ou de cruzamentos altos sobre a área adversária.
Que saibam equilibrar os setores.
Fazer o time jogar compacto.
Que armem o time de modo que cada jogador tenha uma função e não dependa de improvisos todo o tempo.
Um bom exemplo é o do Atlético Paranaense.
Importou um técnico - Miguel Angel Portugal que passou pela base do Real Madrid - e, mesmo sendo o time com menor recurso financeiro entre os brasileiros na Libertadores, é o que joga melhor futebol.
E está na liderança da sua chave, à frente do argentino Vélez Sarsfield.
Aqui se paga muito a técnicos medíocres.
Se os técnicos brasileiros fossem bons, estariam treinando também os times europeus como acontece com os uruguaios, os argentinos, os chilenos.
Os nossos técnicos servem, quando muito, para o Oriente Médio.

domingo, 16 de março de 2014

CRUZEIRO PODE DAR ADEUS À LIBERTADORES NO MEIO DA SEMANA

O Cruzeiro pode não se classificar para a próxima fase da Libertadores.
Veja a classificação:
1º - Defensor do Uruguai  6 pontos - saldo de +4 gols.
2º - Universidad de Chile  6 pontos - saldo de -2 gols
3º - Cruzeiro ...................  3 pontos - saldo de +1 gol.
4º - Real Garcilaso .........  3 pontos - saldo de -3 gols.
Em terceiro lugar, o time azul precisa vencer os dois jogos em casa e empatar com La U no Chile para alcançar a classificação.
Não será fácil.
O time está jogando muito mal.
Há muito espaço entre as linhas.
Os dois meias, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart deixaram de voltar quando o time é atacado.
Éverton nunca voltou.
E tem perdido bolas que fragilizam o sistema defensivo ao tentar jogadas arriscadas na transição defesa-ataque.
Ano passado ele já fazia isso, tem esta grave deficiência, mas organizava ataques importantes, marcava gols.
Neste ano caiu muito de rendimento.
No ataque, Borges faz falta.
Muita.
Marcelo Moreno, como esperado, não foi contratação adequada.
E está provando, a cada jogo, que não foi mesmo.
A saída de Vinícius Araújo foi ruim para o time.
Talvez Marcelo Oliveira tente Júlio Batista de centroavante contra o Defensor no meio da semana.
Se não vencer os uruguaios no Mineirão o time dá adeus à Libertadores.
Um empate e já era.
Só poderá chegar a 10 pontos vencendo os dois últimos compromissos, um deles fora de casa.
Defensor e La U chegarão fácil aos 11 pontos.
O time vai entrar nervoso em campo.
Um time mal treinado, sem compactação e dispersivo.
O que aconteceu com o time que, ano passado, teve ótimos momentos e foi campeão nacional?
Os jogadores se julgam melhores do que são e pensam que não é preciso ralar mais durante 90 minutos?
Hoje, domingo, o time B dos azuis venceu a Tombense por 3 a 0 na casa do adversário.
Frágil adversário.
E venceu jogando mal.
O time B também é mal treinado.























































OS MELHORES EUROPEUS E OS MELHORES SULAMERICANOS

Vi alguns jogos importantes semana passada.
O Barcelona derrotou o badalado Manchester City por 2 a 1.
Poderia ter feito mais gols.
Neymar teve momentos de brilho e cometeu erros graves.

Um desses erros é recorrente aos jogadores brasileiros.
Perder a bola em situações que fragilizam o sistema defensivo ao tentar jogadas individuais arriscadas na transição defesa-ataque.
Éverton Ribeiro, do Cruzeiro, é dos que mais cometem este erro.
O Manchester City é, até agora, time apenas para consumo interno dos ingleses, apesar do elenco milionário.
O aclamado Bayer de Guardiola, jogando em casa, venceu o Arsenal sem convencer.
O melhor Barcelona foi muitíssimo superior a este que é considerado o melhor Bayern.
O Barcelona de hoje, mesmo sem o brilho anterior, ainda me parece melhor do que o atual Bayer. 
O time catalão está preocupado com algumas fraquezas defensivas, principalmente em bolas alçadas na área.
Mas tem um grande goleiro, o Vitor Valdez, que é goleiro e líbero.
Quando fecha as laterais e não permite cruzamentos sobre a área, o time se defende muito bem.
Com gol de Cristiano Ronaldo, o Real de Madrid venceu ontem o Málaga, na casa do adversário.
CR7 é um jogador extraordinário.
O ataque formado por Bale, Benzema e CR7 é o mais poderoso do futebol, atualmente.
Mas o Real não foi melhor que o time da Andaluzia, pelo contrário.
Marcelo, lateral esquerdo brasileiro, foi o capitão do time.
Teve bons lançes e erros graves.
Tal como o Barça, a defesa madrilenha não inspira confiança, pois os laterais Marcelo e Carvajal são marcadores ineficientes e preocupam todo o sistema defensivo.
Nesta semana haverá Barça e Real.
Os dois são fortes candidatos ao título espanhol e da Champions.
Gosto mais do jogo do Barça, embora ele esteja pecando contra os pequenos e por isso não ocupa a liderança.
Pela Libertadores, quem está melhor é o Grêmio.
O Grêmio e o argentino Newell's Old Boys.
Quem está pior é o Cruzeiro que perdeu para o peruano Real Garcilaso e para o Defensor/URU, dois times pequenos, mas bem armados. 
Contra o Defensor, mesmo com um jogador a mais, o Cruzeiro foi amplamente dominado e perdeu por 2 a 0.
O time azul é mal treinado e seus meias apenas atacam, não defendem.
O Galo, apesar da liderança, não está jogando bem.
Podia sair do Paraguay com uma vitória, mas deixou o Nacional empatar em 2 a 2 no final do segundo tempo, depois que Autuori - pensando em garantir resultado - tirou Ronaldinho de campo.
O Flamengo, mesmo com a torcida ao seu lado no Maracanã, só empatou com o Bolívar.
O Bolívar jogou melhor.
O Atlético do Paraná, correndo por fora, venceu o Universitário do Peru jogando na casa do adversário, gol do artilheiro Ederson.
Foi o único time brasileiro a vencer.

sábado, 15 de março de 2014

PROMISCUIDADE COM A MÍDIA E A BAGUNÇA DO NOSSO FUTEBOL



(Por Bob Fernandes, do Terra Magazine)

Às vésperas do término oficial do verão, tempo quente na Bahia. Mais precisamente, no Esporte Clube Bahia. Devassa nas contas da gestão anterior. E o Bahia expôs, publicamente, relações comerciais do clube com setores da crônica esportiva local durante a turbulenta presidência de Marcelo Guimarães Filho – 2009 a 2013.

A investigação inicial foi consequência da intervenção decretada pela Justiça em 2013, ação esta acompanhada pelo ministério público federal e estadual. Já a divulgação de uma lista com 21 radialistas que teriam sido beneficiados, em gastos com “marketing” e despesas várias, se deu, segundo o atual presidente do Bahia, Fernando Schmidt, porque assim determinam “o Estatuto do Bahia, a lei de acesso à informação e a Constituição”.

Nessa conversa com Terra Magazine, Schmidt fala sobre os “absurdos” na relação entre o ex-presidente do Bahia, Marcelo Guimarães Filho, e porções da crônica esportiva local. E expõe exemplos dos “absurdos”:

- Um dos gastos, pagos pelo Bahia, é com a “transmissão de jogos”…ora, me poupem! É função do Bahia pagar pela “transmissão de jogos”?

-…. passagens aéreas, hospedagens, despesas como, por exemplo, R$ 16 mil num único jantar com amigos numa churrascaria…

Provocado, Schmidt aborda também grandes questões do futebol brasileiro.

Ao ser eleito, em setembro, Schmidt conversou com Terra Magazine. Disse então que tentaria renegociar direitos do Bahia com a Tv Globo. Indagado a respeito, seis meses depois, o presidente do Bahia resume:

- Hoje, no futebol brasileiro, o que há é uma bagunça, vários atores mexendo nisso e em tudo ao mesmo tempo, e não há confluência para um mesmo objetivo. A Globo mexe, a CBF mexe, as federações, o Bom Senso, o ministério mexe, as arenas…uma bagunça…

Abaixo, a entrevista completa do dirigente do Bahia:

O que levou o Esporte Clube Bahia a abrir suas contas, como fez essa semana, e exibir gastos de R$ 865 mil com comunicação, com crônica esportiva, radialistas? Gastos das gestões de Marcelo Guimarães Filho…e por que agora?
Fernando Schmidt: Na verdade, essa e a consequência do seguimento de uma ação. Quem pediu uma auditoria no Bahia foi o juiz que decretou a intervenção no ano passado, juiz Paulo Albiani. A auditoria foi feita, houve uma complementação a ela, pedida pelo próprio clube, e aquela auditoria inicial descobriu irregularidades graves: crimes contra o sistema financeiro nacional, apropriação indébita, por ai afora…

E qual a consequência disso?
..há investigações no âmbito do ministério Público, o federal e o estadual, e um ou outro, ou ambos, poderão, deverão oferecer denúncia…

Como e porque se chegou à cidadela da comunicação, da Mídia, ao jornalismo esportivo?
Nas investigações. E se concluiu que foram gastos R$ 865 mil. Isso em passagens aéreas, hospedagens, despesas…despesas como, por exemplo, R$ 16 mil num único jantar com amigos numa churrascaria. Há despesas com gente de empresas de comunicação, mas não apenas: também há aluguel de automóvel com parente, tem os amigos etc. Em relação a radialistas, ao jornalismo esportivo propriamente, há absurdos…

Por exemplo…
…por exemplo, contratos com empresas a título de divulgação da marca do Bahia, para ações de marketing… que marketing, que divulgação de marca? Há seis meses, quando houve a intervenção, o Bahia tinha 600 sócios enquanto hoje já tem 23 mil….aquilo não era marketing, não era divulgação, era outra coisa…

É algo que, aí na Bahia, se chama “comer na mão do dono”?
É isso. Ora, me poupem! Isso é diferente de anúncio, nada tem a ver com se fazer publicidade. Fazemos e faremos campanhas publicitárias nos meios de comunicação, campanha por mais sócios, o que for, mas não isso, dessa forma. Isso não é marketing nem divulgação de marca…

Quantos são citados nessa investigação?
… 21 radialistas, e há as despesas com terceiros, nas viagens, hospedagens, gastos altíssimos em restaurantes …e o absurdo dos absurdos…

Qual seria?
Um dos gastos, pagos pelo Bahia, é com a “transmissão de jogos”… ora, novamente me poupem! É função do Bahia pagar pela “transmissão de jogos”?

Schmidt, há algo nisso que realmente te surpreenda? Mesmo sem detalhes, sem comprovações, essas histórias sempre correram o meio na Bahia…e não apenas na Bahia…
Surpresa não seria, de fato, a palavra. Afinal, a Carta de Pero Vaz de Caminha já pedia a El Rey D. Manuel por favores, empregos e benesses…me lembro de uma história, me foi contada por um radialista, história sobre ele e o ex-presidente do Bahia, Alfredo Saad…

Conte-nos essa história…
O Saad combinou com o radialista pagar, do bolso dele e não do clube, um espaço no programa no rádio. Disse que nem precisaria falar no nome dele, Saad, era só pra “promover o Bahia”; assim como fizeram nestes anos. Bem, o programa foi ao ar e, ao final, o radialista perguntou: “E ai, presidente, gostou?”. O Saad respondeu: “Não”. “Mas por que não, presidente?”, perguntou o radialista, e o Saad encerrou a conversa: “Porque em 15 minutos você só falou 11 vezes o meu nome”.

Bem…voltemos à pergunta inicial: por que a decisão de divulgar os gastos com a crônica esportiva e por que agora?
A decisão não é nossa, ela se impõe por motivos incontornáveis. São eles, e não pela ordem: o estatuto do clube; nós, a nossa gestão, estamos sob auditoria permanente e assim será sempre, é estatutário; a lei de acesso à informação, qualquer cidadão pode requerer as informações, e a própria Constituição…

Sim, mas em algum momento isso vazou…
Não vazou, foi apresentado ao Conselho do clube, como determina o estatuto, e depois os sócios tiveram acesso, outra determinação estatutária. Simples assim, transparente como deve ser…

Nessas situações sempre há o risco de se cometer erros, e houve erro…
Não diria erro, aconteceram interpretações de outros em relação ao material exposto. Teve quem tenha dito que uma jornalista teria tido despesas pagas, despesas de várias viagens, hospedagens, mas foram despesas pagas pelo presidente do clube e não por ela, e ele, em outras viagens, levou amigos, outras pessoas…

Aliás, após a divulgação dessa lista de gastos o ex-presidente Marcelo Guimarães Filho, a propósito de buscar atacá-lo, e sendo isso para ele uma agressão, disse que ele, Marcelo, “dorme com mulheres” enquanto “o presidente”, portanto você, “deveria assumir que é homossexual”…
Esse é o caráter dele. Em meio à intervenção ele chegou a se dirigir, de maneira semelhante, a Fátima Mendonça, mulher do governador Jaques Wagner… como dizia o ex-presidente do Bahia, Osório Villas-Boas, quando alguém sem argumentos quer responder a alguém e não tem o que dizer, apela logo para o de sempre: “É corno, é ladrão, é viado…”.

Nestes casos há quem retruque, apontando o que é realmente crime em meio a essa tríplice tentativa de desqualificação…
-…pois é…

… voltando aos gastos, quantos são os citados?
…os 21 radialistas, empresas, tem uma que aparece com destaque, também ela ligada a radialista…

Daqui a pouco, passado esse furor, a torcida vai querer saber de outro assunto: e o time? Como está o time do Bahia?
Sendo remontado, de forma absolutamente diferente do que era. Aqui chegavam caminhões e caminhões de jogadores, com contratos de dois, três anos, sem controle algum de nada. Mudamos isso. Antes de mais nada contratamos um diretor de futebol, William Machado, que foi capitão do Corinthians, o técnico Marquinho Santos, que veio do Coritiba, e o processo é outro.

E qual seria?
O de reconstrução. Os jogadores têm clausula de produtividade nos contratos, têm metas para alcançar, não é jogador chegando aos montes, é privilegiar de verdade, cuidar das divisões de base como um investimento do clube… no ano passado escapamos da série B por quase nada, agora é hora da reconstrução…não há milagre…

E como está sua ideia inicial, a de procurar a Globo, o senhor Marcelo Campos Pinto, e renegociar o contrato do Bahia, que vai até 2015, se não me engano?
Está tudo parado.

Parado?
Tudo. Hoje, no futebol brasileiro, o que há é uma bagunça. Vários atores mexendo nisso e em tudo ao mesmo tempo, e não há confluência para um mesmo objetivo. A Globo mexe, a CBF mexe, as federações, o Bom Senso, os ministério, as arenas… uma bagunça, sem clareza de objetivo, pelo menos objetivos que interessem a todos, que façam o futebol brasileiro mudar…

Bagunça…ainda mais num ano de Copa do Mundo aqui…
Ainda mais num ano de Copa…tudo parado, quando, do ponto de vista esportivo, do futebol brasileiro, teríamos a chance de realmente deixar um “grande legado” …

E qual seria esse “grande legado”?
Além do hexa seria o lançamento de bases para uma estruturação, uma nova, moderna estruturação do futebol brasileiro. Em resumo, quase que começar tudo de novo. O Bahia, por exemplo, fez 8 jogos em 24 dias no início da temporada, depois de voltar das férias …assim, quem treina o quê? Isso em relação ao calendário, e tem o fair play financeiro, os dirigentes, federações… não é mais possível dirigentes se eternizando, em lugar nenhum, nem em clube nem em federação e, ao final, sempre a mesma coisa…

Que seria?
O governo refinanciando, mudando o perfil da dívida, ao final, sempre o governo, o cidadão pagando a conta. Chega disso. Felizmente já tem mais gente, mais dirigente pensando assim.

Fonte: Terra Magazine.

Nota oficial – Bahia não se intimidará com ameaças

Nos últimos dias, diretores e funcionários do Esporte Clube Bahia passaram a sofrer ameaças das mais diversas formas, após a disponibilização aos sócios do levantamento das despesas custeadas a terceiros pela instituição.

O Esporte Clube Bahia informa que já notificou a Secretaria de Segurança Pública e que, principalmente, não se intimidará com a situação.

A política de transparência da nova diretoria tricolor, que encontrou respaldo junto à torcida e a grande maioria da imprensa, vai continuar.

Conforme Juca Kfouri, um dos principais expoentes do jornalismo nacional, a “corajosa” atitude do clube “certamente criaria inimigos para a eternidade”.

“O Bahia está prestando um serviço não apenas ao esporte brasileiro, mas também ao jornalismo independente do país”, assinalou.

domingo, 9 de março de 2014

OS TÉCNICOS BRASILEIROS SÃO MUITO CHILIQUENTOS



A histeria é uma forma de neurose  se caracteriza pelo exagero teatral das reações emocionais.
Na origem, o termo grego referia-se  a perturbações no útero – hystera - e só recentemente o preconceito de que histeria era doença feminina foi superado.

As pessoas histéricas geralmente perdem o controle e reagem aos acontecimentos com destemperos emocionais  que as tornam, muitas vezes, caricatas e espalhafatosas, chamando atenção sobre si de modo exacerbado.

Assim reage a maioria dos técnicos brasileiros à beira dos gramados.
Dão chiliques.

Transfiguram-se em reclamações teatralizadas.

Um lateral invertido pelo bandeirinha é motivo para encenações horripilantes.

Nestas horas eles esbravejam de tal forma para chamar atenção que se tornam caricatos.

Abrem os braços, pulam, socam o ar, reviram os olhos, viram-se ao público e procuram as câmeras de televisão para mostrar sua indignação, esbravejam, xingam.

Mostram-se a pique de invadir o gramado e assassinar o juiz.

Não há um só técnico brasileiro que não exiba sintomas histéricos.

Todos parecem precisar de uma longa terapia.
Ridículos.

Quando não ficam histéricos com supostas ou reais falhas da arbitragem, ficam histéricos com as falhas de seus próprios jogadores.

Hoje foi a vez de Mano Menezes ser expulso infantilmente no jogo entre Corínthians e São Paulo.

Inúmeros são expulsos assim.

E deixam o gramado como vítimas – adoram fazer o papel de vítimas – exibindo uma caricata superioridade moral.
Como podem comandar seus jogadores se não têm controle sobre si mesmos?

Não vejo comportamentos assim dos técnicos argentinos e europeus – campeonatos que acompanho.

Quem pode imaginar um Guardiola ou Fergusson dando chiliques à beira do gramado?

Perto dos técnicos brasileiros, o vaidoso Mourinho é um monge.

O JORNALISMO ESPORTIVO É QUASE SÓ OBA-OBA

Tinga foi hostilizado por racistas peruanos e nenhum jornalista esportivo pediu que os times brasileiros deixassem de ir ao país vizinho pelos próximos anos.
O que ouvi e li?
Platitudes. 
A imprensa esportiva relata a agressão e, no outro dia a esquece.
Ela evita se envolver.
Esta é uma atitude ruim para o esporte, ruim para o país onde a comunicação em geral - e aqui incluo as redes sociais - em casos de agressão aos direitos humanos já tem comportamento muito mais avançado, como ocorre na agressão aos gays e lésbicas.
Nos casos de racismo, não.
Os racistas de Bento Gonçalves hostilizaram e agrediram o árbitro Márcio Chagas da Silva e a imprensa esportiva não pediu que fosse proibida a realização de jogos na cidade por um longo período.
Arouca sofreu atentado racista no interior de São Paulo e nada aconteceu.
Pior do que nada acontecer é a aplicação de penas brandas.
O time dos torcedores racistas perde 3 pontos...
Ou joga sem a presença da torcida racista por um jogo.
Isto é não punição, é incentivo.
E a imprensa esportiva, jornalistas, apresentadores, narradores, comentaristas sempre expressando a velha cantilena: "É apenas parte da torcida".
Não é.
A torcida peruana do Real Garcilaso é racista, a torcida de Bento Gonçalves é racista, a torcida de Mogi é racista.
Do mesmo modo, a imprensa esportiva trata as torcidas organizadas: "É a minoria que provoca os tumultos, agride, mata..."
Não é.
As torcidas organizadas são bandos que se organizam para brigar, agredir, matar.
Qual foi a última vez que o jornalismo esportivo brasileiro contribuiu de alguma forma para o desenvolvimento ético dentro do futebol e do esporte em geral?