sábado, 9 de fevereiro de 2013

A TV GLOBO E A COLONIZAÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO

Os canais fechados da Globo - sporTV, sporTV2 e sporTV3 - transmitem jogos dos campeonatos regionais de Rio de Janeiro e de São Paulo.
E transmitem para todo o país.
De cima abaixo.
Não transmitem os jogos dos outros regionais.
Divulgam para todo o país o paulistinha e o carioquinha.
E depois, o que fazem os programadores desses canais?
Retransmitem os jogos do Corínthians e do Flamengo.
Para todo o país.
Do Oiapoque ao Chuí.
Nestes últimos dias já vi Friburguense e Flamengo sendo retransmitido quinze vezes.
Pela manhã, à tarde, à noite, de madrugada.
Hoje, sábado pela manhã, liguei a TV e lá estava: Friburguense e Flamengo.
É até ridículo.
Um jogo ruim, entre dois times tecnicamente frágeis, jogado em um campo que mais parece um pasto.
Depois vem Corínthians e Oeste de Itápolis.
Em seguida Palmeiras e Atlético de Sorocaba.
Este último já foi flagrado por mim quatro vezes.
Por que esses canais, exclusivamente cariocas/paulistas, podem transmitir o que bem entendem para outros estados?
Por que transmitem somente jogos de Rio e de São Paulo?
E por que, especialmente, de Flamengo e Corínthians?
Há campeonatos regionais acontecendo em todos os estados.
Os jogos de alguns deles estão no pay per view.
Do mineiro, do gaúcho, catarinente, baiano, etc.
(Pessimamente transmitidos em pay per view, diga-se. Atlético Mineiro e Tombense foi uma transmissão de amadores.)
Mas quando se trata de transmitir pelos canais de TV fechada, para todo o país, apenas os jogos de Rio e de São Paulo são transmitidos.
Jogos do paulistinha e do carioquinha para os coiós do Oiapoque ao Chuí.
Por que não transmitem os jogos de Rio e São Paulo apenas para o Rio e para São Paulo?
Aí vem a resposta que governadores dos outros estados fingem que não escutam.
Não é Anastasia/Aécio, Eduardo, Tarso?
Por que trata-se de colonização cultural para aumentar o lucro, e com isso vocês não se importam.
Os torcedores mineiros e de outros estados vão torcer para times cariocas e paulistas.
Os times cariocas e paulistas vão lucrar com isso.
Vão conseguir mais patrocínios.
E esta dominação serve aos interesses da rede Globo.
Por que vocês, queridos governadores, iriam questioná-la?
Se com o silêncio de vocês, ela pode enfiar Corínthians e Flamengo goela abaixo do país, por que iria deslocar equipamentos e pessoal para cobrir jogos em outros estados, em outros estádios?
(É que, para todo o país, não pode ser uma transmissão amadora como a de Galo e Tombense, né?)
Este, entre tantos outros, é um dos motivos pelos quais a Globo e as famiglias da comunicação no Brasil tanto temem o controle social da mídia. ("Atentado à liberdade de expressão! Chavistas!")
Qual interesse que eu, mineiro, tenho em ficar vendo e revendo jogos do Flamengo e do Corínthians? (Qual o interesse de um gaúcho, de um catarinense e assim por diante?)
O interesse não é meu, não é nosso.
É da Globo.
Aí eles respondem: "Você tem o controle remoto, mude o canal, desligue. Você é livre, vivemos numa democracia".
Esse é o argumento falacioso dos colonizadores atuais.
Eu quero mudar de canal para ver algo que tenha a ver comigo, algo que me interesse.
Isso sim, é liberdade.
Mas o objeto do meu interesse é dominado pela emissora.
Dominado e sonegado.
De modo a oferecer apenas o que a ela interessa.
Onde fica então a minha liberdade de escolha?
E não estou escrevendo isto para dizer que eles não têm caráter, são isso ou aquilo, nada disso.
Eles estão agindo de acordo com a lógica do negócio.
Estão buscando o maior lucro e o menor custo.
Enquanto isto for permitido, continuarão agindo assim.  
Daí a necessidade de  cada estado agir, de cada governador, cada deputado agir.
Mas qual?
Vão ser acusados de atentar contra a liberdade de expressão?
Que nada.
Sob o manto da liberdade de expressão, prosperam negócios. 

Um comentário:

  1. É a mesma coisa quando o assunto é carnaval. Em 2007, publiquei um artigo a respeito no Observatório da Imprensa: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/carnaval_globeleza_e_para_ingles_ver .

    Por extensão e alguma remota semelhança, recomendo também a leitura de outro artigo meu, de 2004, a partir de uma entrevista com o Daniel Filho, então de saída da TV Globo: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/nem_tudo_o_que_e_bom_para_eles_e_bom_para_nos

    Abs.

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