SELEÇÃO DA SCOLARI: MODERNIDADE DE 10 ANOS ATRÁS

A seleção da CBF jogou como se esperava.
Com a modernidade de 10 anos atrás.
Não fossem os bons jogadores brasileiros e a sua qualidade individual, seria um massacre.
A seleção da AF, ao contrário, tem uma boa organização  e poucos bons jogadores.
Toda a sua defesa é formada por atletas medianos, à excessão de Gerrard, primeiro volante, encarregado da saída de bola.
Se a seleção da CBF tivesse enfrentado uma seleção como a dos alemães, teria sido um massacre.
A Alemanha tem uma ótima organização e ótimos jogadores.
Ouvi dizer, hoje, que Felipão e sua comissão octogenária pensam em adiantar Davi Luiz à posição de primeiro volante, tal como Edmilson atuou em 2002.
Querem repetir a fórmula.
Fórmulas, quase sempre, são redutores do pensamento.   
Anteontem, somente a qualidade individual dos jogadores brasileiros tornou o monstrengo tático de Felipão menos pavoroso.
Na televisão, também, foi pavoroso ouvir a Globo e as suas emissoras fechadas.
A ordem parecia ser: "Apoiem o trabalho de Felipão".
"Fechem os olhos e apoiem."
O comentarista do SporTV, Paulo Cesar Vasconcelos, chegou à conclusão de que o problema da seleção era que Paulinho e Ramires jogavam mal e não conseguiam defender e nem atacar.
Casagrande, menos apegado à ordem, disse, de passagem, que os dois estavam sobrecarregados, pois Ronaldinho  não combatia.
Depois, com a derrota, uma desculpa mais elaborada: os ingleses estavam no auge da temporada e os brasileiros estavam iniciando a sua, de modo que não podíamos cobrar mais da seleção.
Ora, quantos brasileiros em início de temporada começaram o jogo?
Paulinho, Neymar e Luis Fabiano. 
Depois do jogo Felipão repetiu esta mesma desculpa.
O problema da seleção - e Mano já tinha se defrontado com ele - é que não podemos jogar com apenas dois volantes e um meia armador.
É preciso que os atacantes pelos lados também defendam e armem o jogo.
Como Welbeck e Walcot fizeram (e o Shreck não era centroavante fixo como Fabiano).
Mano tentou isso com Lucas e Neymar.
Neymar ficava menos efetivo tendo que voltar na marcação.
Então Mano tirou o centro avante fixo e deixou Neymar, livre, à frente.
Mas Felipão gosta de um poste como centroavante, figura que está desaparecendo rápidamente no futebol mundial.
Como os "pontas somente pontas" desapareceram e nunca mais voltaram.
O poste Fabiano foi inoperante.
O poste Fred - e Fred sabe jogar sem ser poste - marcou um gol e jogou uma na trave em graves falhas individuais dos ingleses.
Isto nos cinco primeiros minutos do segundo tempo.
Depois não viu mais a bola.  
Era somente um poste quieto, inútil, no meio da zaga.
Os ingleses ganharam porque tinham mais gente atacando, mais gente no meio do campo e mais gente defendendo.
Podiam ter perdido?
Sim. 
Algumas vezes, um time desorganizado consegue ganhar de um time organizado.
Em geral, perdem.
Foi o que aconteceu com a seleção da CBF.