quarta-feira, 20 de novembro de 2013

NÃO HÁ FOGOS MAIS PARA A SELEÇÃO DA CBF

Ontem a seleção da CBF venceu o Chile, em Toronto, por 2 a 1.
Uma boa vitória.
O time jogou bem.
Lá estão convocados os melhores jogadores brasileiros da atualidade.
Discute-se que um ou outro mereceria uma chance, pois há sempre pequenas dúvidas entre este ou aquele para esta ou aquela posição.
Fábio?
Éverton Ribeiro?
Lucas está mesmo de fora?
Jô permanece se Fred voltar bem, ou fica Robinho?
Mas são dúvidas que não implicam na formação principal do time.
O time é sólido, joga bem, ataca e defende com eficácia.
Cria muitas oportunidades de gol e oferece poucas ao adversário.
Com tudo isso, a seleção da CBF não empolga mais o torcedor.
Ontem, mesmo no momento dos gols, não se ouviu um foguete espocando.
Há muitos bares na região da Savassi, aqui em Belo Horizonte.
Fazia calor, muitas pessoas nas ruas, mas nem o mais mísero rumor na hora do gol.
Não há mais empolgação com jogos de seleção.
Hoje, Flamengo e Furacão hão de suscitar maior emoção.
Haverá clamor e fogos.
Por que a seleção não empolga mais?
O que se vê é a tentativa das televisões de promover os jogos da seleção, criar audiência, ampliar espaços de cobertura.
Mas isto não tem correspondência popular.
Durante a copa do mundo haverá maior interesse, naturalmente.
Mas não a empolgação que, antes, havia.
Por quê?
Talvez porque seleção seja uma coisa falsa.
Em essência, seleção é uma coisa que não existe.
É uma formação feita para promover, de tempos em tempos, um certo sentimento nacionalista.
E, no mundo globalizado, as fronteiras e os estados nacionais vão se diluindo.
Os clubes se fortalecem e as seleções perdem consistência.
O Flamengo, o Corínthians, o Galo, o Cruzeiro, o São Paulo, o Grêmio e todos os grandes times brasileiros são mais importantes para o seu torcedor do que a seleção.
É provável que a copa do mundo, ao longo das próximas edições, caminhe para um grande esvaziamento.
Como chegaram ao fim, sem deixar saudades, as várias copas que foram, antigamente, disputadas por seleções nacionais.
Copa Roca, Copa O'Higgens, Mundialito e muitos outros torneios mundo à fora.
A importância das seleções nacionais é, hoje, muito menor.
Com a globalização, os torcedores espanhóis, por exemplo, identificam-se definitivamente com CR7 e Messi, os ingleses com Ozil, Aguero, Van Persie e Ramires, os franceses com Ibrahimovic e Cavane e assim por diante, às dezenas, centenas, talvez milhares em todos os países importantes do futebol.
Os espanhóis torcem por Messi, CR7 e por dezenas de estrangeiros que jogam por lá.
Eles não torcem por um jogador menos qualificado apenas porque nasceu na Espanha.
A época dos nacionalismos chegou ao fim.
E com o fim dos nacionalismos, a era das seleções nacionais vai chegando também ao seu fim.
Permanecerão jogando entre si durante algum tempo, talvez por muito tempo, mas apenas como um espetáculo bem promovido.
Não mais como empolgação e afirmação nacional.

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