terça-feira, 23 de julho de 2013

O MAL É QUE OS CLUBES BRASILEIROS SÃO AMADORES

Há comandantes que  ficam anos e anos no poder, atuantes, atualizados, construindo sempre.
Bem sucedidos.
Queridos.
A rainha Elizabeth está no trono há 63 anos, a rainha Margarida da Dinamarca há 40 anos, Juan Carlos da Espanha há 36 anos, a rainha Beatriz há 31 anos na Holanda...
Tudo bem, são reis, não têm muito o que fazer além de manter a pose, a pompa... a tradição.
Alan Greenspan, no entanto, um plebeu,  foi presidente da Reserva Federal do EUA por 20 anos.
Cheio de moral.
Quando pisou na bola foi posto pra fora.
João Paulo permaneceu Papa por 27 anos.
Steve Jobs ficou 15 anos no poder à frente da Apple.
O presidente da Hyundai está há 15 anos no poder, Frank Chapman do BC Group há 14, Gareth Davis da Imperial Tobacco há 18 anos, Benjamim Steimbruck há 11 anos, John Chambers da Cisco há 18 anos,  Florentino Perez do Grupo ACS há 18 anos, Fujio Matarai da Canon há 19 anos... e centenas de outros comandantes.
Milhares.
Henry Ford ficou mais de 40 anos à frente da Ford Motor.
Sir Alex comandou o Manchester United por mais de 20 anos, Arsène Wenger do Arsenal está há mais de 15 anos no cargo, David Moyes após 11 no Everton vai substituir Fergusson.
O problema não é o tempo de permanência no poder, é quando o exercício daquele poder deixa de fazer bem à empresa, ao país, ao clube.
Se o empreendedor, CEO, dirigente ou técnico está fazendo bem o seu trabalho, ótimo.
O problema não é a longevidade em si.
As democracias modernas tentam preservar a boa administração estabelecendo alternância no poder através da organização de eleições de tempos em tempos.
Não é ruim. 
Impede que um mesmo governante fique no poder por mais de 4 ou 8 anos conforme o país.
Mas tem um fraqueza terrível. 
Não estabelece alternância de partidos.
O PRI, lá na terra do Tijuana, ficou no poder por décadas e décadas.
No Brasil, se Dilma for reeleita, o PT ficará no poder por 16 anos.
Nos clubes e nas federações é a mesma coisa.
Podem mudar os nomes, mas as constelações tendem a permanecer indefinidamente.
E permanecem.
Havelange, Teixeira, Marin, Marco Polo.
As empresas funcionam melhor.
Elas têm que apresentar resultados positivos ou vão à falência.
Um país, uma estado, uma cidade, um clube amador (como são os clubes brasileiros), uma federação quebram, mas não vão à falência.
Aí é uma festa.
Uma festa triste.
Juca Kfouri diz no seu post de hoje que "o mal que hoje assola o São Paulo de Juvenal Juvêncio, em seu terceiro mandato, é o mesmo que já assolou o Flamengo de Márcio Braga, o Corinthians de Alberto Duailib, o Palmeiras de Mustafá Contursi, o Vasco de Eurico Miranda, o Cruzeiro dos Perrelas, todos os clubes cujos presidentes quiseram se eternizar e acabaram por destruir suas biografias como vencedores".
Não é.
O mal é que os clubes não quebram.

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