terça-feira, 22 de março de 2011

ANDRADE E O VODOO

O Santos precisando de técnico, o Fluminense precisando desesperadamente de um técnico - até o Gilson Kleina recusou a oferta tricolor - o Botafogo com o cargo em aberto e ninguém comentou que Andrade seria candidato a um dos cargos.
Ao técnico Andrade, campeão brasileiro pelo Flamengo, com méritos, foi dedicado profundo e silencioso esquecimento.
Por quê?
Andrade não é muito melhor que Gilson Kleina?
Por quê?
Por que sua pele negra e seus cabelos carapinhados pesam contra?
Falou-se, neste fim de semana, contra o racismo de que foi vítima o Marcelo - ex-Fluminense - agora no Real de Madri. Falou-se até com certa fúria, pois a manifestação foi explícita.
E devia-se mesmo falar e protestar.
Estas coisas são vergonhosas.
Mas ninguém diz nada sobre o profundo e silencioso vodoo de que é vítima o técnico Andrade.
Nas Antilhas morriam assim os que eram condenados ao vodoo.
Ninguém falava com eles, tornavam-se uma sombra.
Morriam.
Heminguay tratou o tema de forma artística em "O Velho e o Mar".
O velho não conseguia mais pescar um peixe.
Ninguém mais falava com ele.
Então ele embarca sozinho em sua frágil embarcação para o alto mar e  caça um grande peixe. Um peixe enorme, nunca visto.
O peixe era tão grande que não cabia na embarcação.
O velho o rebocou amarrando-o do lado de fora da canoa.
Os outros peixes comeram as carnes do peixe grande.
Quando o velho chegou à praia havia apenas um esqueleto desossado, fantasma do peixe que salvaria a sua vida.
Mas Andrade não tem sequer uma canoa.

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