Clarence Seedorf convocou coletiva de imprensa para se despedir do alvinegro carioca.
Vai ser técnico do Milan.
Foi uma bela entrevista.
Ou melhor, Seedorf se expressou muito bem, enquanto a maioria dos jornalistas presentes não agiu profissionalmente.
Aliás, não sei se o que denominamos "imprensa esportiva" é jornalismo.
Seus representantes atuam como "amigos" dos jogadores e dos dirigentes.
Fazem questão de mostrar intimidade.
Perguntam coisas pessoais que ficariam melhor nas colunas de fofoca.
Esmeram-se em levantar a bola para o jogador dizer o que imaginam que vai dizer.
É vergonhoso.
Alguns beiram a idiotice.
Não, ultrapassam a idiotice.
Só para ilustrar, no programa "Redação SporTV" - da Globo - de hoje, a "jornalista" Marluci Martins comparou o vestido de Fernanda Lima na cerimônia de entrega da Bola de Ouro da Fifa, com o que a apresentadora usou no sorteio da Copa do Mundo.
Disse "eu enquanto mulher prefiro o verde..."
Enquanto mulher, Marluci?
Há momentos em que vc é homem?
Durante a entrevista de despedida, Seedorf mostrou que é um homem preparado para assumir a direção técnica do Milan.
Falou dos problemas do futebol com discernimento e maturidade.
Manifestou apoio ao Bom Senso Futebol Clube.
E, dentre muitas coisas que disse, uma o revelou plenamente como cidadão: "O futebol não é a minha vida, é uma parte da minha vida".
Referia-se ao encerramento da carreira de jogador o que, para muitos, é um sofrimento.
Paulo Roberto Falcão diz: "O jogador de futebol morre duas vezes. Uma quando encerra a carreira, e outra quando morre mesmo".
Pura manifestação de despreparo profissional.
Seedorf só vai morrer mesmo uma vez.
É interessante comparar a entrevista de um jogador bem preparado com a de outro que, mesmo sendo ótimo atleta e muito famoso, carece de reflexão sobre o próprio esporte que pratica.
Por exemplo, se compararmos a entrevista de Seedorf com as de Ronaldinho Gaúcho ou do Ronaldo Nazário... estes dois só revelam imaturidade, tal a superficialidade com que tratam o futebol e quaisquer outros assuntos.
No Brasil, dentre os que estão atuando, poucos, como Rogério Ceni, Alex e Paulo André, estão acima da linha da tolice.
Ou da pobreza intelectual.
E não só no Brasil.
São raras as grandes estrelas do esporte mundial que não estejam preocupadas só com o próprio umbigo.
Da famosa seleção brasileira de 1970, talvez apenas Tostão tenha escapado da mediocridade. Ouvir muitos daqueles campeões mundiais é fazer exercício de emburrecimento.
Jogadores como Seedorf são raríssimos.
Certamente fará boa carreira como técnico.
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