sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

TORCIDA ÚNICA

Há um clamor de muitos jornalistas esportivos - principalmente dos velhos - contra a torcida única nos estádios em dias de clássicos.
Um clamor que exala a amantes abandonados.
Mas ficam só nessa superfície de garotas choronas.
Se houvessem jornalistas investigativos e jornais sérios (TVs também) saberíamos quanto os clubes pagam à organizadas, quem autoriza os pagamentos, de que conta sai o dinheiro, etc.
Nossa imprensa esportiva é muito tilelê, muito anos sessenta.
O Oswaldo Oliveira, técnico do Parmera, também rasgou as entranhas numa entrevista: "Isto amputa o futebol". 
Oswaldo é tilelê, tem espírito saudosista.
Saudosismo é a doença da saudade.
Pode-se ter uma saudade sadia, lembrar das disputas semi-amadoras dos anos 1960 e 1970, coisa de meio século atrás, contar os casos daquele tempo, dar boas risadas.
Mas saudosismo, não.
Frequentei inúmeros Galo e Cruzeiro com as duas torcidas no Mineirão, meio a meio.
Era um incômodo
Um frescura gritada, berrada, esbravejada.
Não era alegria, era histeria.
Não via graça nenhuma naquilo.
Histeria apenas.
Sou a favor de torcida única, mesmo quando não se trata de clássicos.
Torcida única em todos os jogos do campeonato brasileiro e Copa do Brasil.
Um time tem seus sócios-torcedores e precisa destinar lugares a eles e não a torcedores adversários.
Por que dar 10% de lugares ao rival?
Além dos 10%, tem que deixar milhares de lugares vagos para separar torcida visitante da torcida local.
O time visitante deve é sofrer pressão inteira, toda torcida contra, não deve ter refresco.
Quando o mando se inverter, seus torcedores darão o troco.
Pra que serve mando de campo se a torcida for dividida?
Pra nada.
Jornalistas discutem, conjeturam e lamentam que não pode haver duas torcidas por causa da violência e que o poder público não dá conta de manter a ordem.
Não dá mesmo.
Não mantém ordem nem nas penitenciárias, nem nas escolas, nem nos bancos (qual diferença entre banqueiro e assaltante?) nem nos botecos, vai manter nos estádios?
Não é essa a discussão.
O que impede duas torcidas é que o futebol não é mais amador, que virou negócio, atendimento ao seu cliente que é o torcedor.
Um time com seu próprio estádio jamais cederá espaços ao adversário e deixará de atender seu sócio torcedor.
O clube quer comercializar todos os lugares disponíveis.
E violência vai acontecer entre os torcedores criminosos organizados fora do estádio. 
Vão marcar suas brigas de qualquer modo.
E a maioria dos clubes vai continuar financiando os bandos, etc. etc.

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