domingo, 25 de janeiro de 2015

SÓ NO BRASIL AINDA SE JOGA COM DOIS VOLANTES

Quando vemos jogos entre times europeus notamos grande diferença para os jogos entre times brasileiros.
Na Europa os times atacam mais e com mais jogadores.
A razão disso, uma das razões, é que eles não jogam com dois volantes.
Eles jogam com um volante apenas .
Jogando com um volante e dois meias o time fica mais ágil, a saída de bola é rápida.
Com dois volantes é aquele nhén nhén nhén exasperante dos passes laterais, passes de segurança.
E há times brasileiros que jogam com três volantes.
Claro que, usando um volante só, a defesa fica mais exposta e, por isso, o trio atacante tem que voltar na recomposição.
Atacantes brasileiros detestam voltar na recomposição.
Quantas vezes vimos um atacante perder a bola e ficar parado lá na frente? 
Às vezes, quando o time dele recupera a bola, ele não pode ser lançado porque está impedido, tal a preguiça de voltar.
Jogando com um volante, a defesa tem que encostar mais no meio de campo, senão fica desprotegida.
Assim, a mudança de dois para um volante implica que os atacantes devem aprender a recompor e os zagueiros devem fazer defesa alta, ou seja, encostarem no meio de campo.
Isto torna o time compacto, mas exige uma mudança cultural.
E esta precisa ser desencadeada pelos treinadores, mas os nossos estão defasados, são conservadores, um pouco medrosos e até preguiçosos (incrível como a maioria dos treinadores brasileiros são barrigudos).
Mudança cultural é coisa para fortes.
Não será com Marcelo Oliveira, Abelão, Felipão, Muricy que ela vai acontecer.
Talvez Levir Culpi seja o único que apontou este caminho de mudança na cultura do jogo.
Mesmo assim, vira e mexe, lá está ele com dois volantes e sem nenhuma inspiração perdendo partidas impensáveis. 
Vejam a escalação do meio campo de alguns dos times grandes da Europa:
Chelsea: Mikel, Fabregas, William.
Mourinho usa apenas um volante, às vezes o Mikel, outras o Matic e como meias ele coloca Fabregas e William.
Claro que Oscar e Hazard voltam na marcação e recomposição do time.
Até o Diego Costa, volta.
Barcelona: Busquets (ou Xavi), Iniesta e Rakitic.
Luis Henrique coloca apenas Busquets como volante. Iniesta e Rakitic são meias. Messi e Neymar voltam na recomposição. Suarez também.
E assim jogam todos os grandes times europeus.
O Real de Madrid joga com o volante Kroos e os meias Modric e James Rodriguez. 
E Kroos é um excelente meia que está jogando como volante.
O Bayern joga com o volante Alonso e os meias Schweinsteiger e Tiago Alcântara.
Alguém pode dizer que Schweinsteiger já jogou como volante.
Sim, mas jogou também como atacante. 
Mesmo o Shakhtar Donestsk que perdeu mais do que ganhou em sua recente excursão pelo Brasil (2 x 3 Bahia; 0 x 0 Fla; 2 x 4 Galo; 3 x 1 Inter; 1 x 1 Cruzeiro) apresentou um futebol melhor que os times brasileiros.
O Shakhtar joga com um volante só, o Fernando, ex-Grêmio.
O time ucraniano mostrou um jogo consistente, um time compacto, criou várias situações de gol em todas as suas partidas. 
Mesmo contra o Galo, quando perdeu por 4 x 2, criou as mais claras situações de gol (e tomou também uns gols inacreditáveis que ficam entre a sorte e o inusitado) ainda que o Galo seja o time brasileiro mais bem organizado em campo.
Com um volante só, dois meias e um trio de atacantes que voltava na recomposição, o Shakhtar foi muito ágil, trocou passes com rapidez, recuperou muitas bolas.
Gostei mais dos ucranianos (mesmo jogando cinco partidas em uma semana) do que dos brasileiros que ficaram espalhados em campo, sempre com dois voltantes plantados na frente da zaga e demorando na saída de bola, criando poucas chances de gol.
Há variações ao esquema tático 4 3 3 dos times acima.
A Juventus de Turim, por exemplo, joga no 3 5 2, mas com um volante só, o Pirlo, tendo o chileno Vidal e o francês Pogba nas meias.
As variações encontradas na armação tática dos times europeus não contemplam dois volantes.
Isto não acontece também na Argentina, no Chile, na Colômbia, no Uruguay... na América Latina.
Daí a dificuldade que os times brasileiros enfrentam quando jogam contra os sulamericanos que se habituaram a jogar com um volante, dois meias e com os atacantes que voltam na recomposição.
Os times brasileiros ficam sempre inferiorizados taticamente em todas as partes do campo.
Assim, o Cruzeiro foi desclassificado na última Libertadores.
Assim, o Atlético de Cuca ganhou a Libertadores contando mais com a sorte que com supremacia tática, embora tivesse supremacia técnica.
Assim, também, o Atlético de Cuca perdeu para o Raja africano, sendo superado taticamente.
Assim, o bi-campeão brasileiro, o Cruzeiro, é um time superado taticamente, embora decantado como melhor time em 2013/14.

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